terça-feira, 26 de março de 2013

ETNOCENTRISMO

                                          
 AULA - (Profa. Rogileuda Cavalcante)

             O etnocentrismo é uma avaliação pautada em juízos de valor daquilo que é considerado diferente. Se a cultura no que tange aos valores e visões de mundo é fundamental para nossa constituição enquanto indivíduos (servindo-nos como parâmetro para nosso comportamento moral, por exemplo), limitar-se a ela, desconhecendo ou depreciando as demais culturas de povos ou grupos dos quais não fazemos parte, pode nos levar a uma visão estreita das dimensões da vida humana. O etnocentrismo, dessa forma, trata-se de uma visão que toma a cultura do outro (alheia ao observador) como algo menor, sem valor, errado, primitivo. Ou seja, a visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outra cultura, limitando-se à visão que possui como referência cultural. A herança cultural que recebemos de nossos pais e antepassados contribui para isso, pois nos condiciona ao mesmo tempo em que nos educa. 

              O etnocentrismo trata-se de uma avaliação pautada em juízos de valor daquilo que é considerado diferente. Por exemplo, enquanto alguns animais como escorpiões e cães não fazem parte da cultura alimentar do brasileiro, em alguns países asiáticos estes animais são preparados como alimentos, sendo vendidos na rua da mesma forma como estamos habituados aqui a comer um pastel ou pipocas. Assim, o que aqui é exótico, lá não necessariamente o é. Outro exemplo, para além da comida, é a vestimenta, pois, tomando como base o costume do homem urbano de qualquer grande centro brasileiro, certamente a pouca vestimenta dos índios e as roupas típicas dos escoceses – o chamado kilt – são vistas com estranheza. Da mesma forma, um estrangeiro, ao chegar ao Brasil, vindo de um país qualquer com muita formalidade e impessoalidade no trato, pode, ao ser recepcionado, estranhar a cordialidade e a simpatia com que possivelmente será tratado, mesmo sem ser conhecido.

           Estes são apenas alguns dentre tantos outros exemplos que ilustram as diferenças culturais nos mais diversos aspectos. O ponto alto da questão não está apenas em se constatar as diferenças, mas sim em aprender a lidar com elas. Dessa forma, no momento de um choque cultural entre os indivíduos, pode-se dizer que cada um considera sua cultura como mais sofisticada do que as culturas dos demais. Aliás, esta foi a lógica que norteou as ações de estratégia geopolítica das nações dentre as quais nasceu o capitalismo como modo de produção. Esses países consideravam a ampliação da produção em escala e o desenvolvimento do comércio, da ciência e, dessa forma, a adoção do modo de vida do europeu como “homem civilizado”, fatores necessários e urgentes. Logo, caberia a este último a função de civilizar o mundo, argumento pelo qual se defendeu o neocolonialismo como forma de dominação de regiões como a África. Tomar conhecimento do outro sem aceitar sua lógica de pensamento e de seus hábitos acaba por gerar uma visão etnocêntrica e preconceituosa, o que pode até mesmo se  ­desdobrar em conflitos diretos. O etnocentrismo está, certamente, entre as principais causas da intolerância internacional e da xenofobia (preconceito contra estrangeiros ou pessoas oriundas de outras origens). Basta pensarmos nas relações entre norte-americanos e latinos (principalmente mexicanos) imigrantes, entre franceses e os povos vindos do norte do continente africano que buscam residência neste país, apenas como exemplos. A visão etnocêntrica caminha na contramão do processo de integração global decorrente da modernização dos meios de comunicação como a internet, pois é sinônimo de estranheza e de falta de tolerância.

         Contudo, a inevitabilidade do choque cultural é um fato, pois as culturas naturalmente possuem bases e estruturas diferentes, dando significação à vida de formas distintas. Prova disso estaria no papel social assumido pelas mulheres, que certamente não possuem os mesmos direitos enquanto pessoa humana em sociedades ocidentais e orientais. Este fato, aliás, tem sido objeto de longas discussões internacionais acerca dos direitos humanos e das questões de gênero. A complexidade dessa questão é muito clara, pois se para nós do lado ocidental algumas práticas são contra o direito à vida e à emancipação; para outras culturas essas mesmas práticas devem ser aceitas com naturalidade, pois apenas reproduziriam uma tradição.

             Dessa forma, a tolerância com relação à diferença é válida, mas seu limite não está claro, pois como podemos aceitar pacificamente o apedrejamento de mulheres ou a mutilação de seus corpos? Daí a necessidade da reflexão constante sobre tais limites, uma vez que o maior objetivo sempre será o convívio harmonioso e a valorização da vida.
                                           (Paulo Silvino Ribeiro)
                                        Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

Vamos pensar!
Se somos educados adquirindo valores de uma determinada cultura, que por sua vez nos orienta construir uma visão de mundo, será possível não julgar componentes de outras culturas sem dispensar um certo valor a nossa? Se somos capazes de agir com essa postura, de que forma podemos evitar comportamentos e posturas etnocêntricas? Reflita!






quarta-feira, 13 de março de 2013

CADA UM DE NÓS COMPÕE A SUA HISTORIA...

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega, no outro vai embora 
Cada um de nós compõe a sua história 
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz 
de ser feliz.........
                (Tocando em frente - Almir Sater)


QUE HISTÓRIA VOCÊ QUER CONSTRUIR PARA A SUA VIDA? (Profa. Sângela Sousa)

segunda-feira, 4 de março de 2013

BEM-VINDO AO BLOG DAS CIÊNCIAS HUMANAS DO CEMER

              Todos os dias somos chamados a fazer escolhas em nossa vida. Viver significa compartilhar os sabores e dissabores dessas escolhas. Assim estamos fazendo nossa história. 

             Dentro desse fazer, 
   - Qual a importância do conhecimento?

  - Quais as suas perspectivas para estudar história? O que você espera aprender?

   - O que é a História pra você?

OS CEGOS E O ELEFANTE

         (Estória do Folclore Hindu)

         Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas os consultavam.Embora fossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre o qual seria o mais sábio.

         Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:

         - Somos cegos para que possamos ouvir e compreender melhor do que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí brigando como se quisessem ganhar uma competição. Não agüento mais! Vou-me embora.

          No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num elefante imenso. Os cegos jamais haviam tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele. O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:

           - Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar os seus músculos e eles não se movem; parecem paredes...

           - Que bobagem! - disse o segundo sábio, tocando na presa do elefante.             
           - Este animal é pontudo como uma lança, uma arma de guerra...

        - Ambos se enganam - retrucou o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. - Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca.É uma cobra mansa e macia...

        - Vocês estão totalmente alucinados! - gritou o quinto sábio, que mexia as orelhas do elefante. - Este animal não se parece com nenhum outro. Seus movimentos são ondeantes, como se seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante...

         - Vejam só! - Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! - irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. - Este animal é como uma rocha com uma cordinha presa no corpo. Posso até me pendurar nele.

          E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.

          Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tateou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:

           - Assim os homens se comportam diante da verdade. Pegam apenas uma parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!